Paul Singer e a EPS no Brasil


Economia solidária no Brasil



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          O movimento de economia solidária tem crescido de maneira muito rápida, não apenas na Europa e no Brasil mas também em diversos outros países.
     O seu crescimento no contexto brasileiro se deve a fatores variados, dentre os quais vale destacar a resistência de trabalhadoras e trabalhadores à crescente exclusão, desemprego urbano e desocupação rural resultantes da expansão agressiva dos efeitos negativos da globalização da produção capitalista. Tal resistência se manifesta primeiramente como luta pela sobrevivência, na conformação de um mercado informal crescente, onde brotam iniciativas de economia popular tais como a atuação de camelôs, flanelinhas, vendedores ambulantes etc., normalmente de caráter individual ou familiar. Com a articulação de diversos atores, essa resistência também se manifesta na forma de iniciativas associativas e solidárias voltadas também à reprodução da vida, mas que vão além disso, apontando para alternativas estruturais de organização da economia, baseada em valores como a ética, a equidade e a solidariedade e não mais no lucro e acúmulo indiscriminado.
          Verifica-se no Brasil, durante a última década, a crescente organização da economia solidária enquanto um movimento – ou seja, ultrapassando a dimensão de iniciativas isoladas e fragmentadas no que diz respeito à sua inserção nas cadeias produtivas e nas articulações do seu entorno, e orientando-se para a articulação nacional, a configuração de redes locais e o estabelecimento de uma plataforma comum. Essa tendência dá um salto considerável a partir das várias edições do Fórum Social Mundial, espaço privilegiado onde diferentes atores, entidades, iniciativas e empreendimentos puderam construir uma integração que desembocou na demanda ao então recém-eleito presidente Lula pela criação de uma Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES). Simultaneamente à criação desta Secretaria, foi criado, na III Plenária Nacional de Economia Popular Solidária, o Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES (https://www.facebook.com/F%C3%B3rum-Brasileiro-de-Economia-Solid%C3%A1ria-FBES-1451425421746506/?fref=ts)
), representando este movimento no país. A criação dessas duas instâncias, somada ao fortalecimento do campo da economia solidária no interior da dinâmica do Fórum Social Mundial, consolida a recente ampliação e estruturação desse movimento.

Paul Singer


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              Paul Singer é um reconhecido economista, professor e um dos maiores representantes da EPS do país..
          Nascido em Viena, na Áustria, no dia 24 de março de 1932, Paul Israel Singer é proveniente de uma família de pequenos comerciantes judeus que morava no subúrbio operário de Viena. Quando o país foi invadido e anexado pela Alemanha, em 1938, intensificou-se a perseguição aos judeus que já vinha sendo promovida por Adolf Hitler desde quando assumiu a liderança do país germânico. Ameaçada pelo risco que mais tarde se revelaria em uma das grandes tragédias da humanidade, que seria o Holocausto judeu promovido pelos nazistas, a família decide emigrar para o Brasil em 1940, pois já tinha alguns parentes residindo no país, estabelecendo-se especificamente em São Paulo.
          Paul Singer formou-se em Eletrotécnica na Escola Técnica Getúlio Vargas, em 1951, e exerceu a profissão até 1956. Foi filiado ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e teve participação ativa no movimento sindical. Foi um dos líderes da greve dos 300 mil que paralisou a indústria paulistana por mais de um mês em 1953. No ano seguinte, tornou-se cidadão brasileiro. Após abandonar a profissão, Paul Singer ingressou no curso de Economia da Universidade de São Paulo e se formou em 1959.
          Durante a segunda metade da década de 1950, Paul Singer foi membro ativo do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e foi um dos fundadores da Organização Revolucionária Marxista Política Operária (Polop), uma organização de esquerda que era proveniente da ala mais à esquerda do PSB. A organização foi uma das mais importantes do movimento de esquerda e de resistência no Brasil, influenciando a formação de diversos outros grupos revolucionários de esquerda.
          A carreira de Paul Singer como professor começou em 1960, quando passou a lecionar na USP. Dando prosseguimento também aos estudos, doutorou-se em Sociologia em 1966 também pela USP defendendo uma tese sobre o desenvolvimento econômico e seus desdobramentos territoriais em cinco cidades brasileiras. Seu orientador foi Florestan Fernandes, sociólogo e político brasileiro muito significativo e respeitado no meio acadêmico. Logo em seguida, Paul foi aos Estados Unidos estudar Demografia em Princeton e retornou para ser Professor Titular da USP nas faculdades de Economia, Administração e Contabilidade. Entretanto, o Golpe Militar de 1964 mudaria muitas coisas em sua vida e na história do Brasil. Foi o início de uma fase de intensa perseguição aos adversários políticos e aos defensores de ideias consideradas de esquerda. O Ato Institucional Número 5, de 1968, cassou seus direitos políticos e impôs a aposentadoria compulsória por causa de suas atividades políticas. Paul Singer tinha apenas 37 anos de idade na ocasião. Ao lado de vários outros professores e pesquisadores expulsos da USP, ele participou da fundação do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP), um núcleo intelectual que fez grande oposição à ditadura.
          Paul Singer voltou a lecionar em 1979 na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). No ano seguinte, ajudou fundar o Partido dos Trabalhadores (PT). Lecionou durante apenas quatro anos na PUC, mas continuou desenvolvendo seus trabalhos no CEBRAP até 1988. Mas já no ano seguinte foi convidado pela prefeita de São Paulo, Luiza Erundina, para ser Secretário de Planejamento do município durante toda sua gestão.
          O economista Paul Singer se destacou nas pesquisas acerca da economia solidária, que consiste em uma forma de produção, consumo e distribuição de riqueza centrada na valorização do ser humano. Publicou vários livros sobre o tema e é referência para estudos sobre desenvolvimento local. Sua atuação no Brasil e sua produção intelectual lhe renderam a honraria de Grande Ordem do Mérito da República da Áustria, recebida em 2009.
          Paul Singer foi casado com Melanie Berezovsky, falecida em 2012, e pai de três filhos, um cientista político, uma socióloga e uma jornalista. O austríaco de cidadania brasileira trabalha hoje junto ao governo federal e se dedica à erradicação da miséria.

Bibliografia:

  • Introdução à Economia Solidária. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2002.
  • Para entender o mundo financeiro. São Paulo: Contexto, 2000.
  • O Brasil na crise: perigos e oportunidades. São Paulo: Contexto, 1999. 128 p.
  • Globalização e Desemprego: diagnósticos e alternativas. São Paulo: Contexto, 1998.
  • Uma Utopia Militante. Repensando o socialismo. Petrópolis: Vozes, 1998. 182 p.
  • Social exclusion in Brazil. Geneva: Internacional Institute for Labour Studies, 1997. 32 p.
  • São Paulo's Master Plan, 1989-1992: the politics of urban space. Washington, D.C.: Woodrow Wilson International Center for Scholars, 1993.
  • O que é Economia. São Paulo: Brasiliense, 1998.
  • São Paulo: trabalhar e viver. São Paulo: Brasiliense, 1989. Em co-autoria com BRANT, V. C.
  • O Capitalismo - sua evolução, sua lógica e sua dinâmica. São Paulo: Moderna, 1987.
  • Repartição de Renda - ricos e pobres sob o regime militar. Rio de Janeiro: Zahar, 1986.
  • A formação da classe operária. São Paulo: Atual, 1985.
  • Aprender Economia. São Paulo: Brasiliense, 1983.
  • Dominação e desigualdade: estrutura de classes e repartição de renda no Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981.
  • SINGER, P. I. (Org.) ; BRANT, V. C. (Org.) . São Paulo: o povo em movimento. Petrópolis: Vozes, 1980.
  • Guia da inflação para o povo. Petrópolis: Vozes, 1980.
  • O que é socialismo hoje. Petrópolis: Vozes, 1980.
  • Economia Política do Trabalho. São Paulo: Hucitec, 1977.
  • A Crise do Milagre. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976.
  • Curso de Introdução à Economia Política. Rio de Janeiro: Forense, 1975.
  • Economia Política da Urbanização. São Paulo: Brasiliense, 1973.
  • A cidade e o campo. São Paulo: Editora Brasiliense, 1972. Em co-autoria com CARDOSO, F. H.
  • Dinâmica Populacional e Desenvolvimento. São Paulo: Hucitec, 1970.
  • Desenvolvimento Econômico e Evolução Urbana. São Paulo: Editora Nacional, 1969.
  • Desenvolvimento e Crise. São Paulo: Difusão Européia, 1968.



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