Economia Popular Solidária: um desenvolvimento solidário e sustentável
A economia popular solidária (EPS) se apresenta como uma alternativa para milhares de pessoas que, sozinhas, não conseguiram enfrentar o mercado capitalista. Mas não é só isso. A EPS também é uma maneira de se opor a esse sistema competitivo e excludente, que é fundamentado no individualismo e na livre concorrência sem princípios. Onde existem sempre os dominados e os dominadores. Nos países com uma grande desigualdade social, como o Brasil, as injustiças conseguem ser ainda maiores. Para as pessoas que têm pouco poder aquisitivo, é difícil o acesso a direitos que são: o direito a água e a terra para plantar são alguns deles. Ao mesmo tempo, os que se vê são grandes empresários e grandes fazendeiros devastando milhares de hectares de terra, poluindo o meio-ambiente e ao ar que respiramos.
Hoje, anual faze atual do sistema capitalista, poderíamos dizer que o que vivemos é uma desigualdade de poder. Alguns com muito e outros com pouco ou nenhum. Para a EPS, o desenvolvimento de uma sociedade deve incluir todas as pessoas, por isso precisamos nos unir para junto reivindicarmos os nossos direitos.
No modelo de desenvolvimento atual, as grandes empresas e o agronegócio estão prosperando, mas, em contrapartida, o número de desempregados cresce também, e o salário mínimo continua baixo. No campo, grandes porções de terra são de apenas um dono e produzem um só produto. florestas foram destruídas para dar lugar a plantações de eucalipto. Devido à desigualdade social existente no campo, muito pequenos agricultores são obrigados a trabalhar muito e receber quase nada. Com a vinda dos tratores, dos agrotóxicos e adubos químicos, que não param de chegar, não são poucos que estão ficando sem trabalho e tentando a sorte na cidade grande, além de muitos serem contaminados e ficarem seriamente doentes e até mesmo morrerem em consequência da contaminação com resíduos químicos dos produtos que são utilizados para combater as pragas e doenças das lavouras.
Na cidade, as grandes empresas tomaram conta de quase tudo. A poluição paira no ar. Ainda assim, os políticos continuam a dar muitas concessões a essas empresas, inclusive cobrando impostos mais baixos que outros países normalmente cobram. Frente aos recursos que elas possuem, fica difícil para as cooperativas, ou os pequenos produtores e artesãos, enfrentar sozinho a concorrência.
E, para piorar, ao contrário de uma cooperativa ou uma empresa auto-gestionária, o lucro não é dividido entre todos. Além da carga horária de trabalho dos operários ser altíssima, o salário é baixo. o risco de ser demitido a qualquer momento também é grande. Um empregado poder ser substituído por outro e até mesmo por uma máquina a qualquer hora. Como dizem os americanos, "time is money" (tempo é dinheiro). E nessa corrida atrás do lucro, tudo é possível. hoje, uma empresa está no Brasil. Amanhã. está em outro país que oferece mão-de-obra mais barata e uma maior isenção de impostos.
Para o movimento de economia popular solidária, desenvolvimento é outra coisa. Nós somos parte dessa vida que se sustenta somente se houver uma convivência respeitosa entre todos os seres. O que estamos vivendo com o capitalismo neoliberal é uma má distribuição de riquezas e de poder, onde se privatizam os lucros e socializam os prejuízos. No sistema capitalista, o mercado é o centro de tudo. O Estado às vezes faz alguma coisa para tentar incluir setores excluídos da sociedade, mas a estrutura continua a mesma. Quando o salário mínimo aumenta um pouco, as grandes empresas aumentam os preços de todos os bens e serviços.
A proposta da economia popular solidária é que ao invés de esperar medidas paliativas ou políticas compensadoras, os movimento populares, as cooperativas, as associações, os grupos populares, ONGs e outras entidades devem se unir para defender e criar um mundo mais justo. Com tantas necessidades e desejos, a população pode e precisa participar de uma organização societária diferente, onde todos possam fazer valer a sua voz.
Texto de:
CÁRITAS BRASILEIRA, solidariedade pela vida. 25 anos de Economia Popular Solidária. Série Cartilhas nº 2, 2006
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